Em diversas situações na neurocirurgia, como AVCs, hemorragias intracranianas, tumores cerebrais, é necessário se remover parte do osso da cabeça (crânio).
Na maioria dos casos em que isso é necessário, são situações de emergência, em que o paciente está sofrendo com hipertensão intracraniana e a retirada do osso permite que o cérebro, em geral muito inchado, possa se expandir para fora do crânio, consequentemente, reduzindo a pressão elevada que está levando o paciente a seríssimo risco de vida.
Outra situação menos comum, é a retirada de partes ósseas infectadas do crânio, em que a resolução da infecção somente ocorre com a remoção de parte de crânio infectado.
Para se consertar a falha óssea, podem ser usadas técnicas diferentes, desde o uso do próprio osso removido e adequadamente armazenado, até reconstruções com diferentes materiais.
O uso do próprio osso do paciente vem sendo cada vez menos usado.
Mas para que se possa fazer isso, pode-se armazenar o osso retirado do crânio dentro da parede abdominal. O problema dessa técnica, que desestimula bastante seu uso, é que as taxas de infecção do osso armazenado no abdome são grandes, levando ao descarte do mesmo e implicando numa nova cirurgia, em geral num paciente que está em condições clínicas críticas. Mesmo que não ocorra infecção, muitas vezes o osso guardado no abdome começa a ser absorvido, sendo que quando ele vai ser recolocado no crânio tempos depois, o osso não está mais do seu tamanho prévio e a reconstrução não fica adequada. Em suma, para que essa técnica funcione de fato, é preciso uma boa dose de sorte.
Para se usar o próprio osso do paciente, também é possível armazená-lo em bancos de osso, porém fazer isso é ainda mais restrito, pois o armazenamento deve ser realizado imediatamente após sua remoção, com preparo adequado e em câmaras com resfriamento a -80ºC. Infelizmente, são raros os hospitais de dispões dessa estrutura.
O cimento ósseo, ou metilmetacrilato, é o material mais usado nas reconstruções de crânio, por ter um custo acessível.
Pode ser utilizado para confecção de próteses de crânio com moldagem manual ou por prototipagem computadorizada.
A moldagem manual muitas vezes não permite se conseguir um formato perfeito da prótese, pois o metilmetacrilato se solidifica, ficando duro como osso, em cerca de 10 à 15 minutos, e esse é o tempo que o neurocirurgião tem para trabalhar no modelamento, em geral insuficiente, dado a complexa geometria do osso do crânio, que é tridimensional. Quando feito assim, apesar de se atingir o objetivo de proteger novamente a área do cérebro que estava exposta, não se atinge um resultado estético satisfatório.
Há ainda a possibilidade de se fazer a reconstrução de falhas ósseas do crânio com telas moldáveis de titânio, o que eu particularmente não gosto, pois não é uma boa opção em relação ao resultado estético, principalmente quando a falha óssea é grande. Em falhas pequenas, é aceitável.
A técnica mais moderna consiste em uso de prototipagem por tomografia.
Nessa técnica, o molde confeccionado é individualizado para o paciente, sendo feita uma cópia exata do fragmento ósseo previamente removido baseado no seu exame de tomografia. Nesses casos, além do resultado de proteção adequada, o benefício estético é bastante superior. Tais próteses podem ser feitas com diversos materiais, como metilmetacrilato (mais usado), titânio, porcelana.